Dogma e Ritual de Alta Magia pode ser considerada a primeira obra da maturidade mágica de Eliphas Levi.

Quando foi lançada em meados do século XIX, a Europa estava aterrada por uma guerra fria e tensa entre a religião e a ciência, as quais só celebravam tréguas muito efêmeras para abrir fogo com suas artilharias independentes contra aquilo que se convencionou chamar genericamente de ocultismo.

Portanto, a publicação de Dogma e Ritual… constituiu um ato de extrema ousadia.

Mas Eliphas Levi não desejou, neste livro, detonar nenhuma bomba ou declarar uma nova guerra.

Muito pelo contrário, Dogma e Ritual…, apesar de expor, depois de séculos de obscurantismo e mistificação, a magia na sua grandeza científica, pretende – em um duplo esforço esclarecedor – não só conciliar religião e ciência, como também demonstrar para os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir que o saber mágico tradicional era, inclusive, a grande síntese conquistada e realizada pela fé e a razão.

Biografia

Eliphas Levi Zahed é a tradução hebraica de Alphonse Louis Constant. Apesar de mostrar aptidão para o desenho, seus pais o encaminharam para o ensino religioso. Aos 10 anos, ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault. Depois, foi encaminhado ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet para concluir seus estudos preparatórios. Lá, obteve a oportunidade de se aprofundar nos estudos lingüísticos e, aos 18 anos, já era capaz de ler a Bíblia em seu texto original.

Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy, onde cursou Filosofia. Dois anos mais tarde, ingressou em Saint-Sulpice a fim de estudar Teologia.

Depois disso, passou para ordens maiores e foi ordenado subdiácono e encarregado de ministrar o catecismo para meninas. Em 19 de dezembro de 1835, ordenou-se diácono. Aos 26 anos, deixou o seminário.

Sabe-se a origem dos estudos ocultistas de Eliphas Levi, porém permanecem obscuras suas raízes iniciáticas. Ele foi considerado o maior ocultista do século XIX.

Em 1859, veio à luz sua História da Magia, que forma com A Chave dos Grandes Mistérios (este também lançado pela Madras Editora) e Dogma e Ritual de Alta Magia a trilogia considerada a Bíblia por seus discípulos, como Desbarrolles, Delaage e Rozier. Os dois últimos transmitiram a Papus e aos demais ocultistas do fim do século XIX o precioso depósito da Tradição, proveniente de Martinez de Pasqually, Willermoz, Saint-Martin e vivificada por Eliphas Levi, que faleceu em 1875.

Em A Chave dos Grandes Mistérios, reúne uma seleção de artigos de sua autoria publicados na Revista Filosófica e Religiosa, fundada por ele em 1855, antes de ser preso por Napoleão III, que se identificou no poema “Calígula”. Para Levi, o maior dos mistérios do infinito é a existência d’Aquele para quem nada é mistério.